sábado, 1 de novembro de 2014

Matriz


Voei em mim... Em meu silêncio!
Descobri que a ausência do som
Nutria minhas asas... Liberdade!
Senti que o vácuo me envolvia... Enlaçava!
A escuridão inicial assustara... Expectativa!
Os braços hábeis do escuro me embalaram... Mimou-me!
Envolveu meu meus medos... Houve a ausência de mim!
Acalentou meus temores... Acalmou-me!
Recebeu-me como o útero
Que recebe o embrião
Transcendi a criatura!
Eliene Ferreira 

sábado, 23 de agosto de 2014

Cacharrel


Ah! Minha cacharrel vívida de cor!
Continha vários triângulos coloridos
Traz o sorriso ao rosto desvanecido
Ah! Minha cacharrel!
Que falta me faz!
Em cada triângulo
Esconde a triste infância
Da criança reprimida....deprimida!
Desejava o sorriso de sua mãe!
Alheio... seu pai nunca realçou o dia da menina!
Que vestia a mais colorida cacharrel!
Todas as cores se perderam
Na escuridão dos anos
Onde restou a face triste
E emoldurada pelo tempo
Da criança amortecida.
Eliene Ferreira

Clamor!

                                
A lágrima úmida
Escorre pelo rosto traumatizado
Em seu clamor...de dor!
Não sensibiliza o endurecido
Semblante do desalento.
Face a face com seu íntimo
No se reconhece... Transmuta!
É a escuridão do ser envolvendo
O espírito em angústia.
Desconhecido e tão familiar
Dualidade de sentimentos!
Como dói o descaso
Com o ser encarcerado
Em um deserto de emoções
Sem Oásis...sem sol!
Um ardor... um clamor
De experimentar a vida
Sem dor!
 Eliene Ferreira

Pegadas


A onda do mar
Arrebenta na areia
Deixa toda sua fúria
Deslizar sobre as carícias
Da areia a brilhar.
Mar e terra se misturam... Aquecem-se!
Composição de intrigante mistura
Mas de suave amabilidade
Onda e areia se amam... Completam-se!
E deixam beira-mar pronta para receber
As pegadas dos apaixonados pelo sol.

Eliene Ferreira

sábado, 19 de julho de 2014

Aurora


Sou vento de mim!
A tempestade que lapida
Que faz grandes modificações
Sou vento de mim!
Que talha... Modifica!
Sou incisão temporal
Sou rocha... Sou água!
Sou o solo arenoso
Que absorve...
Permeabilidade magnética!
Sou solo fértil... Criador!
Aguardando a semeadura
Que o aguaceiro não possa abortar
Sou vento de mim!
Sou brisa... Sou vendaval!
Sou a pedra angular
Da aurora boreal
Que me sustenta.

Eliene Ferreira

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Revoada!


Incuba... Aguarda!
Casulo de perspectiva
Recobre a filha das estrelas
Enlaça-a em confiança
Acomoda... Aninha!
Toda prisão
É a transição para a liberdade
Sente-se universal
A fresta reluz...Espera!
É embriagada pela claridade
Seu casulo já não é uma carceragem
Torna seu abrigo
Onde repousava... Amadurava!
Mexe... Remexe... Aconchega!
Sente as asas
É tomada pela curiosidade... Iniciativa!
Sempre sonhou em ter asas coloridas
Abre a pequena fresta
Passa seu corpo
E por fim... suas asas!
Abre asas... Coloridas!
E voa... Revoa!
Rumo ao infinito
Da esperança!
Eliene Ferreira

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Perecer


A morte é tão familiar
E ao mesmo tempo tão assustadora
Porque assombra seu acontecer?
A morte! É uma oportunidade para viver!
O acontecimento da vida ceifa sonhos
Cada dia vivido é um passo ao encontro da lápide
Quanto mais nos escondemos dela
Mais nos encontramos com a madrasta da vida... Silenciosa!
Que acalenta a todos... Num balanço emblemático!
De manto negro... Apática!
Como abrir os olhos
Sem tem que enfrentá-la?
Permanecer na escuridão?
Até a luz final arrebatar
A vida da morte.
Eliene Ferreira

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Sol


Sou um girassol em campo árido
Gira...sol! gira...sol! Sente o sol!
A poeira de dias passados
Enevoam os dias futuros
Procura a luz... Tenta brilhar!
Gira...sol! gira...sol! Sente a claridade!
E o sonho permanece estático... Estagnado!  
Como ser girassol onde há espinhos?
Como transcender a ignorância
Do solo infértil... Abortivo!
Arrogância do chão rugoso!
Oprimindo o girassol... Que orbita entorno do sol!
Com raízes mergulhadas na terra da ilusão
Gira...sol! gira...sol! Girassol!
 Eliene Ferreira

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Roseira

      


Do meu eu, sem mim...
Desabrocha a mais linda Rosa.

Trazendo vida e luz!
Rosa vermelha...
Com aroma de amor.

No jardim de minha existência
Tu és única... Rosa vermelha.

Plenitude da vida
Luar de lua cheia.

Nascer do sol
Após um vendaval.
Renova em meu ser a vida.

Sou roseira!
Com galhos verdes
E com a mais linda
Rosa vermelha.
Eliene Ferreira

domingo, 22 de junho de 2014

Borboleta

                                 

                   

No vôo ondulante da borboleta
Vestígios da infância.
Garrota de pé no chão
Alma do sertão do Jeca tatu.
Borboleta colorida!
Esquecida no passar do tempo.
Guia-guardiã da floresta imortal
Lugarejo entre o ontem e o amanhã.
Lembrança aromatizada
Da plantação de arroz.
Cavalga em nuvens retorcidas
Mergulha no mundo de Iara
Escala nas traças de Rapunzel.
Pula corda, pula elástico...
Esconde-esconde de ti mesmo.
Casulo da garota de pé no chão.
Queria ter asas coloridas!
Mas passa pela metamorfose da vida
Onde o reino da borboleta
Esta no invólucro da realidade.
Eliene Ferreira

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Odisséias

http://designlov.com/metamorfose-humana.html


Muda, varia, peregrina
Vira nômade de si.

Mudanças do homem
Enclausurado em suas andanças.

Atinge o perigeu lunar
Enraizado na pústula
Da metamorfose humana.
Eliene Ferreira

terça-feira, 3 de junho de 2014

Por quê?


     
     Por quê? 

Tanta dor!
Tanto desprezo!
Por quê?

Tanta desigualdade!
Tanto egoísmo!
                                                                           Por quê?

Tanta fome!
Tanto desrespeito!
                                                                          Por quê?

Se os corações fazem Tum, Tum Tum
Os pulmões respiram e inspiram
Os cérebros produzem os mesmos sentimentos.
                                                                            Por quê? 

Se a fonte que emana vida é a mesma
Se o destino final é o mesmo.
                                                                                                                                                    Por quê? 
Eliene Ferreira





terça-feira, 27 de maio de 2014

Libertação



Dor que consome o âmago
Dor que expande a alma.

Desesperança, lamentação
Tumores coléricos
Câncer da humanidade.

Podridão do ser mutatório
Languidez morfética.

Navegante de martírios internos
Ser combatido
Desvalido de morfina.

Dor enraizada nas vísceras
Do egoísmo humano.

Enrijece o corpo
Na última viagem terrestre
Transição celestial
Moribundos agonizantes
Do perdão.
Eliene Ferreira

domingo, 18 de maio de 2014

Alma da pátria


 

Na ginga da capoeira
No balanço dos palmares
Edifica a nação negra
Na imensidão verde do Brasil.
Que contrasta com o colorido
Do cocar do indígena.
Essência de um país
Que purga no purgatório
Da pátria brasileira

Amparo


Folha à deriva, sobre as águas
barco sem rumo, sem porto.
Folha leve, de fragilidade estrutural.
Impulsionada, impelida pela brisa da vida.
Percorre correntezas, sem bote salva-vida.
Em noites nebulosas busca pelo farol
fixado na sólida ilha das emoções.
Tornados, tormentas, testam a folha à deriva.
Sustenta-se no corrimão da razão.
Folha quebradiça, lançada a sorte.
Em mar aberto contempla
a constelação de momentos vividos.
Ah, folha seca!
Por que soltastes das raízes que te sustentas?

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Figurantes



Deixem-me falar!
Gritem com Amélia
Ame - a, ame!
Não trate Amélia,
Como Ornela
Ornamento da masculinidade
Gritem com Amélia.
Amem! Ana da fama
Estampada no noticiário policial.
Amem Ana!
Matem o preconceito
Por Eva, levada a pecar.
Maria ria... Ria Maria!
Mal tratada e menosprezada
Abandonada pela a sociedade.
Fernanda, feminista
Na lista de agressões.
Sessões de descaso e impunidade
Heterogeneidade uno
Sentença única
Ser mulher! 
Eliene Ferreira

Barriga


Como estudar?
Se a barriga dói,
Rói – corrói – torce – retorce - contorce.
 Como ter esperança?
Numa sociedade consumida
Pela corrupção
Pela desigualdade
Pelo preconceito.
Reação, retroação, repetição,
Ré...
Assim caminham os fomentos
Da elite intelectual.
Prato servido em bandeja
Para políticos demagogos.
Comer ou ser comida?
Como compreender letras
Estruturadas no alfabeto
Da exploração do mais fraco.
Como ver esperança
Se a justiça é cega!
Como aprender?
Se a barriga dói, corrói, torce, retorce.
Eliene Ferreira

Restolho


Homens mutantes
Monstros progenitores
Desfigurados - amorfos de si. 
Escória da sociedade demagoga
Escondidos em becos.
Figurantes noturnos
De contos realistas.
Saqueadores e saqueados de futuro.
Fragmentos bestializados
Prenúncio de avatares humanóides.
 Eliene Ferreira